Como fazer um TCC nota 10
Para muita gente, o grande vilão do ensino superior
é o Trabalho de Conclusão de Curso. No entanto, com método e dedicação, você
vai perceber que esse caminho não é tão difícil de se percorrer
Quem já foi aprovado no vestibular, muito
provavelmente ouviu da família ou de uma ex-professora, ainda na comemoração da
conquista, algo mais ou menos assim: "Parabéns! Mas, olha, entrar na
faculdade é fácil. Difícil mesmo é sair!".
Durante os
três primeiros dos quatro anos que passou no curso de Publicidade e Propaganda,
a pernambucana Virgínia Ramos nunca conseguiu entender muito bem o que haveria
de ser tão complicado na graduação, como lhe advertiram ainda no Ensino Médio.
Afinal, foi morar fora de casa, tornou-se mais independente, conheceu gente
nova e – principalmente – não teve mais que fazer exames de Física, Química e
Biologia!
Uma hora,
entretanto, a situação se complicou. "No sexto período, comecei a cursar a
disciplina do projeto. De lá até a apresentação do trabalho final foi só
estresse. No fim, o curso foi ficando cansativo e ninguém aguentava mais. Todo
mundo só queria saber de sair da faculdade logo", conta a publicitária.
O tal
projeto a que Virgínia se refere é uma espécie de estudo preliminar que, na
maioria das instituições de ensino, os estudantes precisam produzir antes de
realizar o temido Trabalho de Conclusão de Curso, mais conhecido como TCC. Essa
fase, ao contrário do que a maioria pensa, pode ser menos martirizante. Fácil,
evidentemente, não será. Mas, com a ajuda de algumas regras básicas, diversos
obstáculos podem ser evitados, deixando o caminho a ser percorrido mais
tranquilo.
Primeiros
passos
Se o
trabalho começa bem, é provável que também termine bem. Por isso, antes de
começar a produzir o TCC, duas tarefas são fundamentais: definir um tema e
preparar um bom projeto, que sirva – de fato – como um guia. Nele deverão estar
especificadas questões importantes, como o assunto, os objetivos e o cronograma
de atividades.
Para
preparar o projeto, no entanto, é preciso definir o tipo de trabalho que será
realizado. Dependendo do curso e da instituição de ensino, o TCC pode ser uma
produção científica, uma atividade prática ou um estudo de caso. O professor
Gildásio Mendes Filho, co-autor do livro "Como fazer monografia na
prática", lembra que "há uma confusão muito grande nas instituições,
porque cada curso tem a sua regra para a realização de TCC". Por esse
motivo, é importante que o aluno se certifique dos padrões exigidos por sua
faculdade, sob o risco de ter, no futuro, que voltar ao estágio inicial por
inadequação às regras.
Escolhido o
tipo de trabalho, a próxima tarefa é definir o tema. Esse passo é simples,
porém, delicado. Decidir o que abordar leva pouco tempo, mas uma má decisão
pode atrapalhar bastante o andamento da produção. "Se a escolha do tema é
bem-feita, o trabalho acontece de maneira suave, sem obstáculos, e o seu
desenvolvimento passa a ser bem mais agradável", afirma a professora
Raquel Polito no livro "Superdicas para um Trabalho de Conclusão de Curso
nota 10".
A autora
lembra ainda que ter interesse real no assunto a ser abordado facilita a
realização da tarefa. "Muitas vezes, ficamos horas pensando em um tema
genial e nos esquecemos de que não existe a menor relação entre ele e a área de
estudo em que estamos inseridos", afirma Raquel.
A formulação
de um problema do qual se possa partir é outro pré-requisito muito importante.
De acordo com o professor Antonio Carlos Gil, autor do livro "Como
elaborar projetos de pesquisa", fazer-se perguntas é fundamental. "De
modo geral, inicia-se o processo da pesquisa pela escolha de um tema, o que,
por si só, não constitui um problema. Ao formular perguntas sobre o tema,
provoca-se sua problematização", afirma.
O último
passo dessa fase prévia é a escolha do orientador. Aqui, o conselho de Gildásio
é optar pelo professor da disciplina em que o assunto definido se encaixa.
"Se, por exemplo, um aluno vai fazer um trabalho em Microeconomia e
escolhe um professor que é especialista em Macro, ele vai ter dificuldades
porque o professor pode não ter segurança para orientar", explica.
Afinidade
pessoal também é um ponto a ser levado em conta na hora de escolher o
orientador. Mas Gildásio lembra que isso não deve ser mais importante do que a
competência. "Quando eu estava fazendo minha dissertação de mestrado,
lembro que fui apresentar meu projeto ao professor e ele simplesmente o rasgou
bem no meio e me disse: 'leva a metade e faz o teu projeto'. Na hora, eu me
senti agredido. Mas depois refleti e vi que, antes, eu havia mesmo sido muito
prolixo", conta o professor.
Mão na
massa
Com tema,
projeto e orientador definidos, a hora é de arregaçar as mangas e começar a
trabalhar. Nessa fase, organizar o tempo é fundamental, principalmente nos
casos em que é necessário dividir o dia entre os estudos e uma atividade
profissional.
"Um bom
início para o desenvolvimento do seu trabalho é imaginar como ele será
realizado até o final. Antes de começar a escrever os textos, vislumbre como
será o sumário. Considere todos os pontos que você deseja abordar. Por mais que
esse sumário seja alterado, ele será o seu fio-condutor e você terá um
raciocínio lógico a seguir", explica Raquel Polito.
Durante a
produção do texto, também é importante prestar atenção em quesitos técnicos
como ortografia, coesão entre as distintas partes e adequação às normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Essas regras determinam como o trabalho
deve ser organizado por meio de indicações para o uso de citações e a
apresentação das referências bibliográficas, por exemplo.
Trabalhar
com uma metodologia bem definida é outro facilitador na produção do TCC,
principalmente quando é necessário fazer um estudo mais aprofundado. Como
explica o professor Antonio Gil, "a pesquisa é desenvolvida mediante o
concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos,
técnicas e outros procedimentos científicos".
Apresentação
Texto
pronto. Acabou? Ainda não. Vem aí o grand finale, que é a apresentação. Não
vamos dizer aqui para não ficar nervoso ou nervosa. Afinal de contas, esse é um
momento importantíssimo na vida de qualquer pessoa. A banca entenderá a
ansiedade e qualquer professor com o mínimo de bom senso sabe da tensão que
envolve uma defesa. O nervosismo exacerbado, entretanto, pode dificultar sua
exposição e passar aos avaliadores uma impressão errada sobre o seu trabalho.
Montar um
roteiro em uma apresentação de Power Point ou mesmo em um papel já ajuda. É
importante, porém, estar ciente de que aquilo é apenas um guia. Simplesmente
ler o que está escrito vai aparentar falta de domínio sobre o trabalho e insegurança.
Outra dica é treinar. "Até hoje, eu planejo minhas palestras, calculo o
tempo e falo para mim mesmo. E aí eu vejo como posso ampliar ou reduzir",
conta o professor Gildásio.
Depois da
apresentação, é comum que a banca faça perguntas. Respondê-las de forma
satisfatória vai influenciar bastante na sua nota. Diante de críticas, escute e
saiba reconhecer suas falhas. Caso discorde, posicione-se com argumentos
sólidos e não recorra a subterfúgios emocionais, pois, não tenha dúvida:
naquele momento, o que interessa é apenas o que você fez.
E, se você
fez tudo direitinho, é só comemorar!